domingo, 16 de janeiro de 2011

Em 20 de outubro de 1986, o repórter Maceió, escreveu no Jornal A Noticia sobre o treinador com o título “Dez anos sem Busarello”:

Em 20 de outubro de 1986, o repórter Maceió, escreveu no Jornal A Noticia sobre o treinador com o título “Dez anos sem Busarello”:
Algum filósofo contemporâneo escreveu: “Os desígnios de Deus são vedados à compreensão dos homens”. Por isso mesmo, há dez anos estamos sem Nelson José Busarello. Forte, polêmico, loquaz e o mais romântico de todos os treinadores que Santa Catarina já conheceu.
Busarello, hoje é um príncipe que fala com todos os anjos e arcanjos de Deus com a maior pureza d’alma, mas aqui ele era fogo. Pegaria pelo colarinho o dirigente que lhe dissesse: “Vamos preservar o célebre ideal olímpico: o mais importante é competir”.
‘Busa” condenava a retórica e os pleonasmos. Para ele, o importante era ganhar. Tinha tanta sede de vitória que, belo dia, empinou o nariz à frente de sua majestade, Ramiro Rüediger, e sentenciou: “Vou mandar o Rubens às favas”.
Nascia do âmago dos blumenauenses um homem que era todo audácia, garra e valentia. Olhar impassível, seu Ramiro quis saber: “O que é que meu garoto fez para você?” “Nada. Só que ontem tocou o Hino Nacional e ele foi o único que não chorou. Fez onze cestas e não vibrou uma vez”.
Busarello, homem de muitos cacoetes, tinha essa filosofia: fazer tudo com amor. E, acima disso, o time tinha que disputar cada bola com o apetite de quem defende um prato de comida. Foi nessa época que Carlito, Heimuth, Walmor, Rubens (Obenaus) e Romeo varreram todos os títulos. Helmuth era de uma magreza transparente. Suava frio nas mãos de Busarello. Quando este morreu, Helmuth trocou o calção pela gravata e engordou como uma pipa.
Hoje, os grandes grupos econômicos de Blumenau investem alto no vôlei, basquete, atletismo e natação. Mas, nos tempos do Busarello, o coordenador do atletismo tinha que fazer as rifas para comprar os sapatos de prego e o próprio Busarello, além de treinar o vôlei e o basquete, ia a São Paulo comprar o tecido para que sua esposa confeccionasse os agasalhos de toda a delegação.
Faz dez anos que o automóvel, esse velho escafandrista de almas, o levou do nosso convívio.
Tinha uma índole tão forte que já consultei todos os bruxos do esporte amador de Brusque e eles me responderam: “Arthur Schlösser foi o criador dos Jogos Abertos. E Busarello os imortalizou”. Deus seja louvado!

 

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